20130107

Du Spectateur

A propos du livre de Christian Ruby : La Figure du spectateur, Paris, Armand Colin, 2012.       Le dernier ouvrage de Christian Ruby nous permet de nous interroger sur notre posture de spectateur tant relativement à l’existence quotidienne que relativement aux arts et à la culture. Ce livre explore la construction de cette figure du spectateur des arts, en Europe. Il parcourt largement lês grands textes de la culture européenne.

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            Für Viele, ist es einer Mensch von denen sie noch nie gehört haben. Denn wir sind auch Zuschauer and Beobachter. Und, als Zuschauer, sind wir unglaublich freundlich, bescheiden und zuruckhaltend. Aber was ist einen Zuschauer. Ich habe mich sogar  mit der kniffligen Frage beschaftigt, was  bleibt übrig von einen Zuschauer nach dem Spectakeln ? 

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            Tornar-se espectador! Ninguém pensa mais nisso. Exercitar-se para isto? Ainda menos . Cada um se sente imediatamente espectador. Mas de onde nos vem esta certeza? Existe uma natureza do espectador?
            Não existe. No máximo devemos compreender que hábitos históricos fizeram com que isto virasse uma "natureza" nossa da qual  só podemos conscientizarmos a partir do momento onde este espectador que nos tornamos , dedicados à contemplação é desafiado pelas realidades do mundo e da arte contemporâneos.
            Por conseguinte, não nascemos espectadores,  nos tornamos. E este tornar-se espectador é o resultado de uma formação de observar, de escutar, de ler, e de formas de julgamento pelas próprias obras e pela confrontação com outras pessoas.
            A fim de apreender esta transformação foi preciso elaborar um processo. Ele primeiro consistiu no exame de exercícios a partir dos quais o espectador clássico nasceu. A pesquisa, limitada a um numero restrito de pessoas- sejam escritores, diaristas, testemunhas, testemunhos ou filósofos tendo consignado suas trajetórias - escolhemos estudar os filósofos do século XVIII, momento onde, com o nascimento da estética, se inventa e se codifica a função do espectador. Nos focamos então na elaboração das características desta figura nas obras destes filósofos. A invenção e a legitimação do filosofo em espectador- da obra de arte, do mundo, da natureza e da historia- pertence ao contexto polêmico  da filosofia do Iluminismo.
            Isto posto, se a retrospectiva histórica a qual nos empenhamos , sobre a formação do conceito de espectador pelos filósofos no século XVIII , nos indicou como esta figura apareceu historicamente, ela foi requerida principalmente pela situação presente na qual cada um pode observar o "final" desta figura clássica e o nascimento de um novo tipo de espectador. Assim esta retrospecção  permitiu relativizar  o peso  do ponto de vista de alguns de um ideal do "espectador" calcado sobre o modelo clássico e de afastar perspectivas absolutamente otimistas quanto ao comportamento dos públicos contemporâneos. 
             Alem disso tão logo a idade clássica fixou os lineamentos da atividade fundadora do espectador que criticas foram feitas contra as artes, que tentaram deslocar os exercícios e que o sentido do comum que atribuímos foi submetido a separações de mais em mais numerosas. A arte moderna seguida da arte contemporânea inventaram o publico ( o regardeu por Marcel Duchamp) e o espectador ao invés do espectador. Mas as mídias e os Estados multiplicando as estetizações da sociedade durante o século XX, inventaram também novos tipos de espectadores: o espectador das mídias e o espectador do estádio, por exemplo. O conflito alias, aumenta entre estes últimos e os intelectuais que os desdenham.
            Desses conflitos, podemos aprender uma lição essencial. Sem duvida, se ele algum dia existiu, o espectador não existe mais sob uma forma clássica edificante. Convém então levar a sério as trajetórias de espectadores múltiplos e heterogêneos. Nas artes , para não falar apenas delas, o espectador o publico e o espectador não executam os mesmos exercícios. E cada um de nos pode representar os três simultaneamente, no seio de nossas atividades ou diversas visitas.
            Alem do mais, estas dinâmicas e trajetórias de espectadores podem conduzir a composições em arquipélagos. Esta figura do arquipélago significa não somente que podemos e devemos levar a sério esta idéia de um espectador mutável, múltiplo, polêmico, em resumo a idéia de espectador sem compromisso com ele mesmo, significa também que devemos repensar o comum que ligaria os espectadores.  E se afastando que o espectador acontece e pode fazer acontecer um outro comum. Exercendo suas diferenças, os espectadores podem repensar suas ações na cidade sem ceder as delimitações nas quais querem colocá-los.
            Tendo isto em conta, o leitor pode abordar esta obra de duas maneiras. Ou em uma leitura linear, ele vê então se desenhar estes conflitos em questão; ou começando pela segunda parte, e voltando em seguida à primeira  para entender a significação e vaidade das nostalgias mais freqüentes.
            No seu tornar-se espectador cada um de nos segue uma trajetória graças a qual ele revê constantemente seus gostos e encontra a possibilidade de discutir com os outros.
            Poderíamos resumir esta obra assim: ao contrario do que afirmam vários comentaristas, não existe uma norma do "bom" espectador em si . Para compreender a intrusão de uma norma no olhar sobre os espectadores  deve-se confrontar nossa época à historia das figuras do espectador .
             Nos deparamos então com a seguinte questão: Como os filósofos do século XVIII construíram a atividade clássica do espectador e como eles mesmos se exerceram nos exercícios que a concretizaram? E o que nos primeiro abordamos.
            Mas antes ha que se perguntar porque esta configuração foi traduzida em um modelo que serve hoje em dia a julgar os espectadores de mídias , do estádio e da sociedade. Certos intelectuais os desprezam ou os acusam de degradar sem absolvição o ideal clássico. E portanto, os novos espectadores não são nem passivos, nem ignorantes, nem incapazes de se emancipar das normas do espetáculo .
            Já é tempo de redesenhar uma arte do espectador de nossos dias. A arte contemporânea nos ajuda quando propõe  dar um novo lugar ao espectador na esfera publica.
            O lugar do espectador tornou-se incerto e precario por causa das implicações da arte contemporânea e da onipresença das industrias e da consumação culturais? Não existiria então um único modelo e espectador, hoje em dia perdido, mantido somente por alguns nostálgicos.
             Responder a estas questões só é possível se esclarecermos primeiro quais são e de onde vem os modelos de espectador, muito tempo dominantes, a partir dos quais julgamos o presente. E se nos perguntarmos em que medida a arte contemporânea os obriga a se modificar.
            Nos empreendemos este esclarecimento desta obra que apresenta a trajetória de uma historia cultural e filosófica do espectador  do século XVIII aos nossos dias. Depois de termos lembrado de  como se construiu o termo "espectador" -em referencia a raiz grega vinda do verbo skopeo, observar de cima olhar, examinar alguma coisa, tornando-se no latim spectator  ; ou do substantivo skopos, o que observa (relação ótica não passiva), mas sempre alguma coisa, e então o espetáculo destes sentidos- a obra se atrela primeiro à questão de saber como e com que implicações os filósofos europeus participaram à edificação da figura clássica do espectador da obras culturais. Ela elabora de que maneira um certo numero de filósofos idealizaram e legitimaram os modelos correspondentes à atitude desejada do espectador face ao que eles decidiram nomear Arte.
            Num segundo tempo, ela explora a maneira de como outros filósofos desestruturaram esta figura, a partir das mutações impostas pela arte da vanguardas. Ele elabora a figura do publico moderno.
            E num terceiro tempo, a obra examina a maneira pela qual podemos nos situar filosoficamente em relação a estas figuras, clássica e moderna, do espectador, nos apoiando na arte contemporânea.
            Esta historia cultural e filosófica do espectador, no quadro europeu, nos ensina ao menos isto: ninguém é espectador em si mesmo. Nos tornamos espectadores em relação às  obras, e a nossa relação pode mudar. Finalmente o que nos mostram os filósofos é que tornar-se espectador não pressupõe nenhum dom do céu, nenhum dom da natureza, uma formação deve se efetuar. Porém vários modelos de formação são possíveis e as diferentes formações podem colidir umas com as outras criando uma comunidade estética diversa e conflitante e à uma historia do sensível levada e transportada tanto pelos espectadores como pelas obra de arte.
            Os autores e os textos citados nesses elementos, escolhidos afim de representar referencias- pontos de vista, de contraste e de comparação, determinados para facilitar as trajetórias do pensamento - numa historia a ser sempre repensada, fazem existir o espectador sucessivamente como problema de nominação , objeto de educação, centro de uma comunidade nivelada por julgamento, no de uma política ( cultural), suporte de critica ou veiculo de diferença. Eles enfatizam que o espectador de Arte nasceu dos deuses que retiraram do mundo sua presença, de um distanciamento com as praticas religiosas, de um relativo afastamento da submissão do cortesão aos aplausos reais, da produção de obras "desencantadas" e da edificação de lugares públicos, os museus, os teatros, as salas de concerto..., que transformam a Arte em coisa publica. Em uma palavra, o espectador de Arte nasce escapando da obrigação de se referir às autoridades afim de expressar seu gosto,  mas na obrigação de se fazer sujeito do gosto e de um gosto compartilhado.
            E pertinente afirmar que a arte clássica moldou seu próprio espectador por uma arte e uma disciplina precisa do tornar-se espectador. Esta arte esta ligada ao mesmo tempo à historia das sociedades européias em geral , e mais especificamente à historia das artes particulares; E numa aparelhagem considerável de estética (teoria e uso da sensibilidade, definição de Arte, maneiras de fazer, configuração do corpo), de praticas do julgamento (enunciados, troca de discursos), de referências à um sentido comum e à uma universalidade da obra (a Arte ) que se forma o espectador filosofo. O conjunto constitui o que nos primeiro chamamos "momento espectador" constitutivo E da obra clássica (rapidamente denominado "espetáculo") E do espectador/ espectadora.